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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A Juventude em Perigo


Postado por Jorge Luís Saraiva

O homicídio já é a primeira causa de morte externa no Brasil a atingir crianças e jovens dos 10 aos 24 anos de idade, superando os acidentes.
Por Sheila Mattar

Parece um paradoxo: quanto mais surgem programas e festas para fazer com a turma, mais os pais apertam o cerco de perguntas e restrições, exigindo hora para chegar em casa, dizendo o que permitem ou não fazer e pedindo satisfações e prestações de contas. Afinal, as cidades oferecem cada vez mais possibilidade de lazer e estamos no século XXI. Ocorre, porém, que esse comportamento dos pais em parte tem uma razão bem forte: o mundo “lá fora” está cada vez mais perigoso. Os pais percebem isso porque, na juventude deles, a realidade não era essa, e os números oficiais dão razão às suas preocupações.
  A violência está vitimando grande número de jovens no Brasil, de diferentes formas, mas é preocupante a quantidade de homicídios. O homicídio já representa mais da metade das mortes de todos os jovens brasileiros de 10 aos 24 anos, por motivos externos, à frente dos acidentes de transportes e outras causas, que não sejam doenças. Os índices de violências em nosso continente são mais elevados do que em outros, quatro vezes maiores do que a média mundial. Mas no Brasil os números impressionam, principalmente pela violência que atinge os jovens. Segundo o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP), a violência contra adolescentes no Brasil cresce há quase 30 anos.
  A possibilidade de um jovem brasileiro ser vítima de homicídio é 30 vezes maior que a de um jovem europeu é 70 vezes que a de um morador da Inglaterra ou do Japão. Entre os países da América Latina, o Brasil tem a quinta maior taxa de homicídio juvenil, antecedido por El Salvador, Colômbia, Venezuela e Guatemala, em um total de 83 países do mundo listados no documento “Mapa da Violência: os Jovens da América Latina”, divulgado em 2008 pela Rede de Informação Tecnológica Latino Americana (RITLA). O impacto sobre a expectativa de vida é grande: hoje a idade média da população, ao morrer, é de 67,8 por causas naturais e de 38,6 anos por mortes violentas. Em países como Japão, Islândia e França, a expectativa média de vida já supera os 81 anos. Mas, independentemente da idade da vitima, a violência no Brasil é preocupante, e seu deslocamento geográfico vem configurando um novo cenário.
Interiorização do Crime
  O total de mortes violentas no Brasil vem caindo lentamente nos anos recentes, principalmente após a campanha do desarmamento, iniciada em 2004. Os dados ainda preliminares de 2007 indicam que a taxa de homicídios total diminuiu 3% em relação à de 2006, mas a violência permanece em patamares elevados, principalmente contra os jovens. Dos 47.658 homicídios ocorridos em 2007 no Brasil, 18.053 mortos (37%) eram crianças e jovens entre 10 e 24 anos. Os jovens entre 20 e 24 anos formam o maior grupo de vitimas (10.187 mortes, 56,4% desse total), antecedido pela faixa dos 15 aos 19 anos (7.288, 40,4%) e crianças de 10 a 14 anos de idade (579 assassinatos, 3,2%). No Brasil, o homicídio é a maior causa de morte de jovens de 10 a 24 anos por motivos externos violentos (que inclui acidentes de transito e outras), superando os 50%.
  Observa-se, também, no país que a violência diminuiu em algumas cidades grandes, mas cresce no interior dos estados, principalmente em polos de desenvolvimento regionais ou locais: trata-se da interiorização da violência. Uma mudança observada a partir de 1999, cujas razões são o maior investimento em segurança nas regiões metropolitanas e o surgimento de pólos de atração econômica no interior dos estados. De acordo com a ultima atualização do banco de dados do Ministério da Saúde (DATASUS), as três maiores taxas de homicídio para cada 100 mil habitantes, em 2007, estão fora do eixo histórico de desenvolvimento do país: a cidade da Tailândia (PA), de apenas 73mil habitantes e com forte presença de desmatamento e conflitos envolvendo madeireiras ilegais, encabeça o ranking. Lá, foram 112 assassinatos por grupo de 100 mil habitantes; as outras duas ficam no Espírito Santo, ambas na região metropolitana de Vitória: a cidade de Serra teve 95 assassinatos e Cariacica, 94,8 por grupo de 100 mil habitantes. No caso de Vitória, o que ocorre é uma urbanização de segmentos expressivos da população, com aumento da criminalidade. Observa-se um crescimento de violência semelhante em outras regiões metropolitanas do país.
Desigualdades Sociais
  O crescimento da violência no Brasil está diretamente ligado às desigualdades sociais provocadas pela má distribuição da riqueza, que se agravou com o aumento da população e a urbanização acelerada. No Brasil, 1% da população tem renda igual ao total dos rendimentos dos 50% mais pobres. E, entre os 10% mais pobres, 74% são negros. Os números são de 2008, da Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística  (IBGE). Exemplifica a relação direta entre desigualdade social e violência o fato de que o numero de negros assassinados no Brasil é duas vezes maior do que o de brancos.
    Segundo o mesmo estudo do IBGE, quase a metade das crianças e dos adolescentes brasileiros com até 17 anos vive em situação de pobreza (menos do meio salário mínimo per capita), e 18,5% em situação considerada de extrema pobreza (até 25% do salário mínimo per capita). Apesar de 84,1% dos jovens entre 15 e 17 anos freqüentarem a escola, entre a população mais pobre a taxa e de apenas 30,5%. Desse total, apenas a metade (50,6%) estava matriculada no nível escolar adequado a sua idade, o ensino médio. Com poucas oportunidades de estudo, há menos chance de trabalhar, de aumentar rendimentos e ascender socialmente. Nesse cenário, as atividades do crime organizado, como tráfico de armas e drogas, aparecem para os jovens como uma possibilidade de ganhar dinheiro.
  Esse quadro está mudando no país, mas em um ritmo lento demais. Assim, a violência passou a fazer parte do cotidiano e a ocupar espaço fixo no noticiário e na vida brasileira. Nós nos acostumamos a ver e ler notícias de criminalidade ocupando espaços tão generosos ou maiores do que os dedicados a outros temas. Assim, em 2009, duas semanas após o anúncio de que o Rio de Janeiro fora escolhido para sediar as Olimpíadas de 2016, a cidade virou destaque internacional em razão da violência. Em 17 de outubro, um confronto entre criminosos pelo controle do tráfico de drogas no morro dos Macacos, na Zona Norte do Rio de Janeiro, deu início a uma onda de conflitos. Traficantes derrubaram a tiros um helicóptero de Polícia Militar, causando a morte de dois soldados. Ao todo, foram 21 mortes, incluindo três moradores do morro. O jornal norte-americano THE NEW YORK TIMES destacou que a derrubada a apenas 1,5 quilômetros do estádio do Maracanã que será palco das cerimônias de abertura e encerramento das Olimpíadas e da final da Copa do Mundo de 2014. O caso é emblemático porque, nos bairros de periferia e nas favelas, a população se vê contra a violência de criminosos e a dos policiais.
  
Retirado da Atualidades 2010 (África), páginas 118; 119; 120 e 121.
 
Comentado por Jorge Luís Saraiva
 
  O que dizermos da violência atual? Será que tem como revertemos o caos que hoje vem aumentando de uma forma que nem pensávamos imaginar ou do jeito que as coisas se encontram é melhor salvarmos nossa própria vida e deixar que a sorte cuide dos outros?
  Enfim, o que de fato nos incomoda é a educação que os jovens de hoje vêm recebendo, de suas famílias e escolas. Já que são eles os responsáveis pelo aumento significativo de violência, sendo parte dessa violência o tráfico de armas e drogas. Mas há também mortes causadas por motivos externos, como acidentes de transportes e outras causas que não sejam doenças.
  Mas é também preocupante o grande número de homicídios causados por jovens dos 10 aos 24 anos, onde podemos citar algumas causas como BULLYNG, acidentes e drogas.
 Uns dos fatores para o crescimento da violência no Brasil estão ligados às desigualdades sociais provocadas pela má distribuição das riquezas. Onde muitos não se conformam em viver à margem da sociedade e são obrigados a praticar roubos e mortes. Ou seja, c
om poucas oportunidades de estudo, há menos chance de trabalhar, de aumentar rendimentos e ascender socialmente. Nesse cenário, as atividades do crime organizado, como tráfico de armas e drogas, aparecem para os jovens como uma possibilidade de ganhar dinheiro e crescer na vida, nem que para isso seja preciso roubar ou/e matar.
  Lembrando que duas semanas após o anuncio de que o Rio de Janeiro sediaria as Olimpíadas de 2016 e a Copa do Mundo de 2014, a cidade virou manchete de jornais internacionais em razão da violência. Onde houve um confronto entre criminosos e policiais, pelo controle do tráfico de drogas, e que os criminosos derrubaram um helicóptero da policia com uma arma de superpotência do exercito. Ai nos perguntamos, será que um estado como o Rio que sofre com a violência poderá sediar uma olimpíada e a Copa do Mundo?

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